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Erros cognitivos na fobia social

 

Segundo a  Terapia Cognitiva e Comportamental (TCC) os pensamentos podem ser classificados em reflexivos e automáticos. Os primeiros demandam esforço mental e são mais lentos. Os automáticos são mais rápidos, surgem espontaneamente, e muitas vezes não são conscientes. Por estarem associados a um processamento cognitivo mais superficial, estes últimos tem chance maior de apresentar erros de lógica. São chamados de Pensamentos Automáticos Disfuncionais (PAD), os pensamentos que  são processados por distorções cognitivas de lógica e resultam geralmente em sofrimento emocional ou prejuízo comportamental. Daí a importância de procurarmos identificá-los, deixá-los mais conscientes para então podermos corrigi-los.

 

Este texto tem como finalidade orientar pacientes que apresentam sintomas comuns ao quadro de fobia social a identificar os pensamentos automáticos disfuncionais e classificar os erros de lógica afim de poder corrigí-los e a partir daí desenvolverem estratégias de enfrentamento mais eficazes para superar suas dificuldades sociais.

Abaixo descrevemos os principais erros cognitivos com exemplos de formulações comuns nos quadros de transtorno de ansiedade social:

 

1) Generalização:

Tomar um simples evento e generalizá-lo para todos, como algo padronizado que ocorrerá continuamente.

Exemplos:

  • “Já que eu me sai mal nessa apresentação, vou me sair mal em todas as outras”. 

  • “Se sempre fico nervoso, sempre ficarei”.

  • “Todos me acham incompetente”.

  • “Pessoas tímidas são malsucedidas”.

  • “As pessoas não se interessam por pessoas tímidas”.

  • “Se tive dificuldades para aprender uma coisa é porque sou limitado intelectualmente”

 

2) Pensamento Dicotômico (Tudo-Nada):

Tendência a interpretar experiências em termos de categorias opostas polarizadas, absolutistas.

Palavras frequentes: tudo x nada, sempre x nunca, fracasso total x sucesso total, perfeito x péssimo.

Exemplos:

  • “Sou um fracasso total, nunca vou conseguir”. 

  • “Nunca conseguirei falar em público. Desisto!”

  • “Sempre cometo gafes”

  • “Tudo o que falei foi péssimo!”

 

3) Leitura de Pensamento:

Antecipar negativamente sem provas, o que os outros vão pensar.

Exemplos:

  • “Ele está insatisfeito com meu desempenho.” 

  • “Todos estão percebendo que estou ansioso e pensam que tenho um transtorno mental.”

  • “As pessoas têm pena de mim”

 

4) Ditadura dos Deveria: Criação de regras rígidas (para si e para os outros).

 Exemplos:

  • “Eu deveria.” -  Gera culpa, auto-decepção e vergonha.

  • “Os outros deveriam”. -  Gera raiva e decepção.

Dever x Prazer. Eu devo ao invés de eu quero, aumenta a ansiedade e te distancia daquilo que você quer alcançar.

Exemplo:

  • “ Eu tenho que me sair bem”

  •  “Eu devo parecer à vontade.”

  • “Minha voz deve sair firme”

  • “Eu tenho que ser extrovertido”

 

5) Maximização do Negativo:

Quando magnificamos, exageramos os resultados de um evento negativo em detrimento do que foi bom.

 

Exemplo:

  • “Tenho uma péssima dicção!” (após gaguejar) 

  • “A minha apresentação foi péssima”(porque teve alguns brancos).

 

6) Minimização do Positivo:

Desvalorizar ou não dar a devida atenção a algo importante ou positivo. Reduzir a importância de suas realizações e qualidades.

 

Exemplo:

  • “Sou um péssimo apresentador”. (Mesmo recebendo aplausos e elogios) 

  • Após ter feito um bom trabalho... “Não consigo fazer nada direito!”

 

7) Abstração Seletiva:

Tendência a focalizar um único detalhe retirado de um contexto, ignorando outros aspectos importantes. Conceber a totalidade de uma dada experiência com base em apenas um único fragmento.  

Exemplos:

- “ Está todo mundo dormindo na minha apresentação”. (Após ver que uma pessoa cochilou)

- “Minha apresentação está muito chata.” (Após uma pessoa ter levantado e saído)

 

8) Ruminação:

Repetir ideias perturbadoras. Isso faz com que essas ideias adquiram força e aumentem a sua probabilidade de cometer os mesmos erros no futuro.

Exemplos:

  • “Eu não vou conseguir ... Eu não vou conseguir ... Eu não vou conseguir”.

  • “Sempre fico nervoso... sempre ficarei nervoso...”

 

9) Personalização:

A pessoa se vê como a única responsável pelo que acontece.

Exemplos:

“Ele está bocejando porque sou muito chato” (a pessoa dormiu poucas horas na noite anterior).

“Desmarcou o compromisso porque não sou interessante” (depois descobre que a pessoa ficou doente).

 

 

 

 

 

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